A Comunicação Não-Violenta ampliada pela Antroposofia no Desenvolvimento da Liderança
Quarta feira, 15 de maio de 2019
Há cerca de um ano fui convidada pelo Insper para contribuir com este artigo sobre os desafios e tendências na gestão de pessoas e lá pude dar uma palhinha sobre a importância da Comunicação para quem exerce essa função.
E aqui eu te pergunto: de 0 a 10 quanto você classificaria que a(s) pessoa(s) que você tem ou teve como líder(es) sabem ouvir? E quanto você classificaria o seu ouvir quando em uma posição de liderança?
Muitas vezes fomos educados a exercer a liderança tendo as respostas, sabendo as coisas. E normalmente chegamos a esta posição sendo reconhecidos por isso e então entendemos que devemos continuar fazendo aquilo que nos trouxe até aqui.
Mas rapidamente esquecemos como nos sentíamos se não éramos ouvidos, se não podíamos contribuir. Se não havia um espaço reservado para a fala e a escuta genuína.
A Comunicação Não Violenta nos ajuda a reconhecer o outro como um igual a nós. Ambos temos pensamentos, sentimentos e vontades e as de um não valem mais que a do outro.
Se temos um objetivo comum, base para qualquer iniciativa conjunta funcionar (e isso vale para as organizações, mas também para além delas), todos os envolvidos podem e devem contribuir.
O que nos desconecta?
Em um 1o momento, acharmos que a nossa opinião é melhor ou vale mais que a do outro e nos fecharmos nisso.
Em um 2o momento, termos interesses não revelados. Não nos vermos ou sentirmos em um espaço seguro ou não estarmos prontos para revelar nossos verdadeiros interesses, nossa vontade real.
Com a Comunicação Não Violenta, temos a chance de, reconhecendo o outro e conhecendo a mim, podermos mergulhar de forma real e genuína neste passeio pela alma humana e juntos liderarmos a conversa e encontrarmos uma solução mais efetiva para aquilo que temos como objetivo comum.
Como fazer isso?
1) Autoconhecimento: se não sou honesto comigo mesmo, se não me dou tempo para olhar para os meus pensamentos, sentimentos e necessidades, não sou capaz de liderar a mim mesmo
2) Reconhecer que liderar o outro é uma ilusão: podemos construir as coisas juntos, mas cada adulto é responsável por suas escolhas e atos. Podemos ajudar, como líderes, o outro a enxergar mais a si mesmo. E isso é tudo
3) Liderança começa pela observação: se eu não aprender a trazer minha atenção para o que acontece na situação, com o outro e comigo mesmo, de uma forma isenta de julgamento (post de 01.05.19), não conseguirei me ver, nem espelhar o outro
4) Criação de confiança: para criar confiança, preciso perceber a humanidade no outro e a minha própria humanidade. Isso vem de húmus, da terra, da humildade. Ninguém é melhor do que ninguém. Somos todos iguais como seres humanos. E esta humildade começa no reconhecimento disso, de que apenas temos capacidades e necessidades diferentes, mas entre dois humanos, somos iguais. “Vulnerabilizar-se” trazendo meus próprios sentimentos, permite o encontro, permite que o outro me veja como humano e então podemos começar a conversar.
5) Feedback verdadeiro: posso ajudar o outro a se ver e posso me ver mais, se ambos nos abrirmos para um processo de escuta. De não reagir ao que o outro me diz, mas perceber que algo eu fiz que gerou esta percepção no outro. Então, a partir dos fatos que a pessoa coloca, posso pesquisar, perguntando a ela como se sentiu. Do que precisava... e então podemos fazer novos acordos e liderar nosso objetivo comum, seguindo em frente para resultados mais produtivos em um ambiente positivo
Gleice Marote é sócia fundadora da Keea Yuna e co-fundadora da Associação Keea Yuna de Desenvolvimento Humano, Organizacional e Social. Atua como coach de times, grupos e indivíduos, Mediadora, Consultora em Desenvolvimento Organizacional e Facilitadora de Programas de Desenvolvimento Humano com base na Antroposofia e na Comunicação Não Violenta. Coordena no Insper o projeto Teamwork Experience, na pós graduação CBPM.
por Gleice Marote